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Plena por Plena

quinta-feira, 31 de março de 2016

Hay dias que...

Cotidiano n° 2
Toquinho

Hay dias que no sé lo que me pasa
Eu abro meu Neruda e apago o sol
Misturo poesia com cachaça
e acabo discutindo futebol
Mas não tem na- da, não
Tenho meu vi- o- lão
Acordo de manhã, pão com manteiga
e muito, muito sangue no jornal
aí a criançada toda chega
e eu chego a achar Herodes natural
Mas não tem na- da, não
Tenho meu vi- o- lão
Depois faço a loteca com a patroa
quem sabe nosso dia vai chegar
e rio porque rico ri à toa
também não custa nada imaginar
Mas não tem na- da, não
tenho meu vi- o- lão
Mas não tem na- da, não
tenho meu vi- o- lão
Aos sábados em casa tomo um porre
e sonho soluções fenomenais
mas quando o sono vem a noite morre
o dia conta histórias sempre iguais
Mas não tem na- da, não
tenho meu vi- o- lão
Às vezes quero crer, mas não consigo,
é tudo uma total insensatez
Aí pergunto a Deus: "Escute, amigo,
se foi pra desfazer por que é que fez?"
Mas não tem na- da, não
tenho meu vi- o- lão
Mas não tem na- da, não
É assim, há dias em que tudo é tão sem sentido. Parece que tudo está vazio, que nada se encaixa.
E agora Josè? Carlos Drumond de Andrade, ah Carlos...que sabedoria invejável.


E agora, José?

A festa acabou,

a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Ah, Carlos...que brincadeira de mau gosto você fez conosco. Era muito cedo para você partir, mas, entendo. Afinal, anjos também precisam de pessoas como você, te perdoo por essa.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Divulgação


Aqui você pode divulgar o seu blog, site, rede social etc., desde que esteja dentro do contexto. Toda e qualquer divulgação contrária, propaganda, etc., será deletada e o seguidor será banido da página. 
Desculpem-me mas, me proponho a divulgar os trabalhos de quem
realmente faz parte dos assuntos contidos no mesmo.
Plena.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Sala de visitas


Seja bem vinda (o), á nossa sala de escritor (a). Este espaço pode e deverá ser usado para pessoas que como eu, gostam de escrever seja lá o tema o que for.
Adalberto Luque, Luh Casaes, Leila Souza Bastos, Claudete Martins, e outros (as) tantos (as) amigos (as), que têm esse “vírus” na veia, entrem, sentem-se e fiquem  á vontade.
Sobre a mesa há papel, lápis ou caneta. Mãos á obra!
Agradeço de antemão, Plena.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Admiro e, portanto, copio.

É que por enquanto a metamorfose de mim em mim mesma não faz sentido. É uma metamorfose em que eu perco tudo o que tinha, e o que sou. E agora o que sou? Sou: estar de pé diante de um susto. Sou: o que vi. Não entendo e tenho medo de entender, o material do mundo me assusta, com seus planetas e baratas. Clarice Lispector


Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Martha Medeiros 


Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
Florbela Espanca














Ossos do ofídio MARCELINO FREIRE

Enquanto Zumbi trabalha cortando cana
Na zona da mata Pernambucana
Oloroke vende carne de segunda a segunda
Ninguém vive aqui com a bunda preta pra cima
Tá me ouvindo bem?
Enquanto a gente dança no bico da garrafinha
Odé trabalha de segurança
Pegando ladrão que não respeita
Quem ganha o pão que o Tição amassou honestamente
Enquanto Obatalá faz serviço pra muita gente
Que não levanta um saco de cimento
Tá me ouvindo bem?
Enquanto o Olorum trabalha como cobrador de ônibus
Naquele transe infernal de trânsito
Ossaim sonha com um novo amor
Pra ganhar um passe ou dois
Na praça turbulenta do Pelô
Fazer sexo oral, anal, seja lá com quem for
Tá me ouvindo bem?
Enquanto rainha Quelé
Rainha Quelé limpa fossa de banheiro
São Bongo bungo na lama
Isso parece que dá grana, porque povo se junta
E aplaude São Bongo na merda
Pulando de cima da ponte
Tá me ouvindo bem?
Tá me ouvindo bem?
Tá me ouvindo bem?
Hein, hein, hein? Seu branco safado!
Ninguém aqui é escravo de ninguém!


Algumas frases de Ariano Suassuna

O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso.

… que é muito difícil você vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos.

Cumpriu sua sentença. Encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo, morre.
(Em: O Auto da Compadecida)